sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Wings of the Luftwaffe - Ju 87 Stuka

Ju 87 Stuka
Já aqui antes trouxe uma das minhas séries preferidas sobre a Segunda Guerra Mundial, Wings of the Luftwaffe, neste episódio sobre um dos mais míticos aviões da história, o bombardeiro de mergulho Ju 87 Stuka. Um produto de propaganda com as suas sirenes que causaram o pânico às tropas e tanques desde as batalhas da Polónia de 1939 até quase ao fim da guerra, quando o Stuka era armado com um enorme canhão para destruir tanques soviéticos.

Embora deixe para esta série a verdadeira e completa história dos Stukas, não resisto a falar de um homem que será certamente um dos maiores ases da história da aviação: Hans-Ulrich Rudel[1]. Este piloto alemão tornou-se no mais medalhado militar alemão da guerra e sobreviveu-lhe tendo falecido já nos anos 80 do século XX. Entre os seus alvos destruídos estão mais de 500 tanques, 1 navio destroyer, 2 cruisers e um couraçado soviético. Ainda mais surpreendente foi o facto de, depois de ver uma perna amputada em Fevereiro de 1945 depois de o seu avião sido abatido por anti-aéreas, ter regressado aos combates conseguindo destruir mais 26 tanques antes do final da guerra. Continuou a utilizar o Stuka quando este já era considerado uma peça de museu e quando a Luftwaffe já praticamente não existia, embora tenha mesmo no final utilizado também uma variante do FW-190[2].

Mais um documentário a não perder para quem gosta da história deste período.



Um ano de blogging

Escrever ajuda-me a organizar as ideias. Permite que estas fiquem gravadas na pedra e possam ser confrontadas mais tarde. Em algumas situações falhei redondamente (acreditava por exemplo que Alexis Tsipras ganharia as eleições na Grécia o que poderia marcar o início do fim da europa[1]). Noutras as minhas palavras parecem ter seguido o caminho até à rua e tornaram-se realidade, como quando imediatamente a seguir ao anúncio da descida da TSU falei de um "Triunfo do Derrotismo"[2]. Pouco tempo depois as ruas encheram-se para a maior manifestação desde a revolução de Abril.

Muitos dos meus artigos são opiniões e comentários a livros e notícias. São uma forma de ventilar o que me vai na alma depois de cada livro ou no rescaldo dos eventos que se vão passando em Portugal e no mundo. Em alguns casos consegui dedicar um pouco mais de tempo e segui uma rota mais de jornalismo de investigação. Orgulho-me particularmente do artigo escrito sobre o Caso Red Bull[3] que representou um esforço inédito da minha parte e será provavelmente o mais exigente de todos os artigos que escrevi. Também fez-me compreender um pouco melhor o trabalho dos verdadeiros jornalistas e a dificuldade em encontrar provas que garantam a solidez de cada frase escrita. Os meus leitores parecem ter apreciado o esforço e brindaram este artigo como o mais lido de sempre, batendo o do Costa Concordia[4] que detinha o título desde a primeira semana do blog.

O Médio Oriente também tem sido um dos meus temas preferidos. Tive a rara oportunidade de viver alguns anos na Palestina, para além de, desde 2006, ter passado grande parte do meu tempo pela região. O blog permitiu-me por isso ir também registando algumas das minhas aventuras por essas bandas. Por vezes tenho medo que com o passar dos anos algumas dessas ideias e imagens se percam para sempre por isso, a um nível muito pessoal, contar o meu primeiro dia na Palestina[5] ou as minhas interacções com a AK-47[6] ou os Merkava[7].

A todos os meus leitores, apoiantes, críticos e adversários um sincero agradecimento pelo vosso interesse e pelos vossos comentários.

Um dia difícil

Book Review

Bin Laden, sheikh saudita considerado responsável pelos atentados de 11 de Setembro está morto. Desde essa data, foi alvo da maior caça ao homem alguma vez feita. Escrito por um dos Navy Seals que levaram a cabo a operação que levou à sua morte em 2 de Maio de 2011, "Um dia difícil" (No Easy Day) é uma brilhante história de acção que inevitavelmente se tornaria num filme. Esse filme está agora para sair, sob o título de "A hora mais escura" (Zero Dark Thirty) e já é apontado como favorito para os óscares de 2013[1].

Este livro publicado pela Vogais (que gentilmente disponibiliza online as primeiras 23 páginas do livro)[2], foi escrito em nome de Mark Owen, um pseudónimo de Matt Bissonet.

O livro mantém um ritmo muito interessante e é, acima de tudo, um tributo aos Seals e ao trabalho de equipa. Aparentemente o livro causou bastante incómodo ao nível das chefias militares americanas, e recentemente o programa 60 Minutes da CBS conseguiu uma entrevista com este militar, entretanto retirado.

Para ser sincero, acho que a minha maior curiosidade em relação a este livro está relacionada com a eventualidade de um crime de guerra na operação que levou à morte de Bin Laden. Na entrevista à NBC, Bissonet diz claramente que o objectivo não era a morte do saudita, mas a sua captura[3]. No entanto, no livro ele acaba por dizer algo ligeiramente diferente, onde é dado a entender que não existe qualquer expectativa de que Bin Laden sobreviva à missão. Na página 194 podemos ler o seguinte relato:

Perto do fim, alguém perguntou se a missão era de captura ou de morte. Um advogado do Departamento de Defesa ou da Casa Branca salientou que não era para ser assassinato.

«Se estiver nu, com as mãos para cima, ninguém deve entrar em conflito com ele», disse o advogado. «Não sou eu quem vos vai dizer como devem fazer o vosso trabalho. O que estamos a tentar dizer é que, se ele não representar uma ameaça, os senhores deverão apenas detê-lo»

Chega a ser desesperante o modo defensivo como a resposta é dada. Claramente pensada para um julgamento posterior e para o julgamento da história. Mas sejamos claros. Se estiver nu, com as mãos para cima? Mas isto é um cenário realista? O que está a ser dito aqui é que a partir do momento em que Bin Laden tenha umas cuecas vestidas já pode ser considerado uma ameaça. E acrescenta "Não sou eu quem vos vai dizer como devem fazer o vosso trabalho".

Obviamente, Osama Bin Laden não será certamente alguém que deixe saudades. Fanático, terrorista, homem que não olhava a meios para conseguir os seus fins lunáticos era no entanto um homem vazio de poder e alguém que parecia ter muito mais facilidade em convencer os outros a serem mártires do que ele próprio a fazê-lo. No entanto, a justiça deve ser cega.

Há um ano atrás escrevi sobre o comentário do procurador do ICC (International Criminal Court) Luis Moreno-Ocampo que falava da possibilidade da morte de Khaddafi depois de ser capturado poder ser um crime de guerra[4]. Na altura perguntei porque motivo o ICC não comenta também a morte de Bin Laden? Ou será que Khadaffi, no momento da sua morte ainda era uma ameaça aos seus captores porque ainda tinha as calças vestidas?